Kitty Lopes
Redecorando o ninho vazio
Saí de casa aos 20 anos para construir a minha família. Meu primeiro filho nasceu
quando tinha 21. Me divorciei aos 23 e segui sozinha com meu bebê grande de 2 anos e
meio. Aos 31 tive meu segundo filho, uma menina linda e novamente me separei
quando ela tinha 3 anos. Aos 34 anos, resolvi dedicar a minha vida exclusivamente aos
meus filhos.
O primeiro voo foi em 2018, quando meu filho foi construir a vida dele. Chorei a saída
dele do ninho? Sim, chorei. Agora, 3 anos depois, é a vez da minha garotinha, que vai
estudar fora. Estou vivenciando o ensaio do bater de asas da minha filha.
Fiquei assustada com o ninho prestes a ficar totalmente vazio? Sim, com certeza.
Fiquei preocupada em perder a direção, o sentido da vida, o controle nato da proteção
materna, sentimentos que sempre rodeiam a nós, mães. Conversando com uma amiga,
confessei que estava mais preocupada com a minha adaptação nessa nova vida, do que
com a adaptação de minha filha morando fora. Afinal, foram mais de 30 anos na função
diária de ser mãe, trabalhando para prover as necessidades dos filhos, e ao mesmo
tempo tendo que ser a professora, orientadora, médica, psicóloga, protetora, amiga.
Hoje, com 52 anos, me dei conta que nunca morei sozinha. Mas, percebi também, que
pela primeira vez na vida vou ter tempo de cuidar de mim. E é nisso que quero focar.
Quero Redecorar o meu Ninho Vazio. Redecorar com leveza, com positividade, com
esperança, com os cuidados e a dedicação que eu mereço. Redecorar como? Investindo
meu tempo em conhecimento, e principalmente em autoconhecimento. Cuidando do
meu corpo, da minha mente, cuidando de mim. Tornando o ambiente do meu ninho
saudável para mim e para meus filhos em seus eventuais pousos. Afinal, o meu ninho
não está vazio, eu continuo nele!
A Síndrome do Ninho Vazio está associada à perda da função parental com a saída dos
filhos da casa de seus pais. Sofrimento que acomete mais às mães e que em muitas
situações leva à depressão. Sentimentos como vontade de chorar a cada vez que pensa
no filho, como se faltasse o ar, um pedaço do próprio corpo e que a sua existência não
tem mais o mesmo sentido de antes, sensação de perda de rumo, de vazio, são alguns
dos sintomas psicológicos causados por essa síndrome, que pode inclusive se desdobrar
fisicamente, afetando a saúde.
Se você se identifica com algum desses sintomas, se cuide. Se não está dando conta
sozinha, procure ajuda profissional.
Preencha essa ausência. Nossos filhos têm o direito de voar. O mesmo direito que
tivemos ao voo, quando deixamos o ninho dos nossos pais.
Minha proposta para você é: Redecore seu Ninho Vazio. Redecore para você. Curta essa
nova fase de sua vida. Portanto, se equilibre, interaja, confraternize, faça amigos, se
dedique a novas atividades, retome seus hobbies, ocupe sua mente com coisas positivas.
Estude, descubra coisas novas, faça exercício, faça terapia, medite. Se reinvente! Somos
indivíduos, seres únicos e continuamos indivíduos mesmo com o nascimento dos filhos.
Cada um é responsável por esse indivíduo chamado Eu.
Seja leve, seja feliz! Eu mereço, você merece, nós merecemos!
Vamos redecorar nosso ninho?