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  • Foto do escritorSabrina Ayomide (Sassá)

Por favor, me pergunte se eu quero desenhar

Me chamo Sabrina Ayomide, tenho 15 anos e estou no 1º ano do ensino médio.

O texto: "Por favor me pergunte se eu quero desenhar" foi escrito em homenagem a Escola Alecrim, onde conclui o ensino fundamental.

Na Escola Alecrim colhi muitos frutos e recebi muitas sementes para plantar. Com este texto quiz demonstrar minha eterna gratidão por todos os meus professores, que fizeram parte não só dá minha formação acadêmica, mas também da minha construção como um ser humano atuante no mundo.

Uma coisa que é e sempre foi muito marcante para mim durante a minha vida escolar é quando eu chego na escola. Não o primeiro dia de aula, é de fato quando eu chego na escola, quando passo pelo portão todos os dias. Em todas as escolas que estudei, me lembro de um momento como esse.

Minha primeira vivência em uma escola no ensino fundamental foi na Alecrim. Foi na

Alecrim que fiz meu primeiro ano, que aprendi a ler e a escrever, que me aventurei em cima do cavalo branco, que fiz castelinhos de areia, que acreditei que voava até o céu apenas brincando no balanço. Mas não é apenas desses momentos que me lembro.

Quando se é uma criança de seis anos, tem dias que você não quer ir para a escola... Ok,

eu sei que não depende da idade para ter dias indispostos. Mas, uma criança de seis anos, ou melhor, quando EU era uma criança de seis anos, quando eu não queria ir para a escola, eu NÃO QUERIA IR PARA A ESCOLA. Deu para entender?

Lembro-me de um dia como esse, cheguei chorando, não queria estar ali, estava

assustada e só queria voltar para casa. Mas fui acolhida. Minha professora me segurou em seus braços e limpou minhas lágrimas, me balançou e disse-me que estava tudo bem e que eu não precisava mais chorar. Quando eu finalmente me acalmei, ela me sentou com meus colegas, colocou um potinho com lápis de cor na minha frente e me perguntou se eu queria desenhar.

Tem dias que eu quero voltar para o passado, quero voltar para aquele dia. Quero me

sentar em um colo e dizer que estou com medo, quero chorar, mas não quero chorar em silêncio no meu quarto ouvindo músicas melancólicas. Quero chorar alto como naquele dia, quero que sequem minhas lágrimas, quero que me digam que está tudo bem, quero que coloquem uma caixa com lápis de cor na minha frente e me perguntem se eu quero desenhar.

Hoje, tenho 14 anos e isso não acontece mais, não desse jeito. Mas, na Alecrim, sinto

como se fizessem isso mesmo eu tendo 14 anos. Sinto que mesmo me dando as ferramentas que preciso para seguir uma vida adulta e mesmo que me tratem como uma adolescente, pois é o que sou, me acolhem quando preciso, pois sou um ser humano e todos precisam ser acolhidos.


Quando chego cansada na escola de manhã e meus professores me cumprimentam com um

sorriso, é como se me carregassem no colo, pois me acolhem de um cansaço matinal. Quando perguntam a mim ou até mesmo a um colega se está tudo bem, ou quando percebem que não estamos bem, é como se me balançassem para que eu pare de chorar. Quando nos consolam com palavras e nos dão conselhos, é como se enxugassem minhas lágrimas e me dissessem que não preciso mais ter medo. Quando escutam nosso ponto de vista com paciência e abertos para aceitar nossas ideias, é como se colocassem uma caixa de lápis de cor na minha frente e me perguntassem se eu quero desenhar.

Eu acho que é isso que uma escola deve fazer. Preparar um ser humano para vida adulta

e para os desafios da vida, mas também deve segurá-lo no colo e secar suas lágrimas. Deve

acalmá-lo e dizer que não é preciso ter medo. Deve oferecer-lhe um pote com lápis de cor e

perguntar se ele quer desenhar. Porque sim, eu quero desenhar.


Sabrina Ayomide


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