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  • Foto do escritor Mariam Abed Ali

Jornada do autocuidado – Fundo do poço


Falo bastante sobre como aprender com os momentos complicados e processos demorados absorvendo as partes boas. Mas, precisamos dar atenção também para os sentimentos negativos. Não há a menor possibilidade de viver uma vida plena sem que você acolha e preste atenção nesses momentos e sentimentos. Somos polaridades.

Tem dias que a vontade é de deitar no chão da sala, com o corpo totalmente solto e deixar o choro vir até soluçar, se assim for. Tem dias que a vontade vai ser de colocar a música no último volume pra ver se silencia o interno. Pode até passar momentaneamente, mas a conta chega. A questão é respeitar a vontade que você tem em momentos assim, sem que você negue ter que lidar com isso. É difícil encarar o que vemos e processar o que sentimos, mas é necessário para que a vida flua.

Esses dias estava me sentindo mais pensativa do que o normal. Quieta por fora e inquieta por dentro. Chegou o pensamento - Porquê? Tem algo de diferente... Algumas mudanças aconteceram, sim... Será saudade dos meus pais e irmãos? Sinto falta da casa cheia ou a presença de alguém? Não... Ainda não é isso... Eu já senti isso que estou sentindo antes... O que eu fiz essa semana? Como foi meu descanso? Como estou me alimentando? Com quem tenho falado? Por saber identificar muitas vezes alguns sentimentos, fortemente sentia dentro de mim que manter a linha de pensamento me faria chegar a alguma resposta.


Quando comecei a perceber que estavam “acendendo” algumas OUTRAS questões que antes eu tinha total consciência, mas que por falta de tempo, principalmente espaço, silêncio externo, era basicamente impossível conseguir me dedicar com mais tranquilidade para lidar. Em contrapartida, eu tinha conseguido lidar com outras coisas na época. Importante a gente reconhecer os processos também.

A vida acontece em paralelo. Então, nem sempre as coisas estarão calmas para conseguir resolver ou se dedicar de tal maneira. Reservar um tempo, caso o ambiente não favoreça, deslocar o corpo físico para se encontrar, é válido. Muitas vezes o que precisamos é de uma mudança de atitude como - eu não caibo mais naquele espaço, eu não preciso chegar no limite para tomar alguma decisão ou mudar algo.


Alguns caminhos já nos mostram que precisamos seguir por outro e não insistir nos mesmos. Pra começar, amor pelo meu corpo, minha alma e minha paz. Autoconhecimento para identificar o que está me deixando com a energia mais baixa ou alto astral. É se afastar e se aproximar. Depois, transbordar para os que estão ao meu redor. Abundância.

Quem ensina que o choro tem que ser engolido ou que seja algo infantil, não entende a maravilha de poder lavar a alma, a sua janela e o rosto com a mesma água. Sem romantizar, o choro é liberdade. Talvez uma das poucas linhas contínuas da vida, onde escorremos por algo ruim que sentimentos ou algo bom que nos acontece. Não prenda os sentimentos. Não aprisione sua alma e não duvide do alívio em fazer o que precisa ser feito, para seguir em frente.


Aceite os sentimentos ruins, a tristeza, a raiva, a criança ferida e o ego sabotando. E se te incomoda, já pode começar a ficar aliviado porque é o “start” para fazer diferente, já que não quer ficar estacionado olhando para o céu, dentro do seu poço limitado. E depois? Vai enxergar a vida pela vista mais ampla. Onde você enxerga o teu poço estando do lado de fora sem se afundar e negar que ele existe, e se ilumina com o inacabável azul do céu. Você não se resume às suas feridas, traumas e muito menos, aos momentos ruins.


A tal mudança ou deslocamento do corpo físico não era e nem é a solução. A mudança é caminho, é processo, é degustar o gosto ruim e saborear o resultado bom. Hoje, lido com os problemas de maneira racional e emocional. Eu penso, logo sinto, choro, sorrio, logo fluo!


E às vezes, eu sinto, choro, logo penso e respiro. Hoje, algumas situações se repetem. E as que antigamente me causavam uma ansiedade sem fim, agora me lembro de que já passei por “aquilo” antes e que eu DEI CONTA. E o que me faria achar que não dou conta, independente do resultado esperado agora? Eu mesma. Autossabotagem.


O poço é o teu corpo e o céu é tua alma. Infinita em SER. Ressignifique quantas vezes for preciso. E quando cansar, repouse no choro, no colo ou no sofá. Depois retome. A vida continua. O cansaço existe porque o repouso se faz necessário.


Eu desço pro fundo do meu poço, em pé, pela escadinha de acesso. Não mais caindo com a cara no chão e desaprendo a andar, NÃO! Eu desço e consigo ver as minhas dores. Balanço a cabeça e digo para mim mesma - que situação, hein?! Dói e vou aos poucos. Acolho meu lado sombra e ressignifico na minha luz. Escorro pelo rio do choro, para depois estar em queda livre na cachoeira, completamente liberta!


Um abraço da Mari humana e cansada hehehe





Até a próxima

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